Nunca deixa de me impressionar que basta o sol sumir essa época do ano que a gente já Drummonzeia e fica aqui olhando para nossas duas mãos e o sentimento do mundo.
Nos últimos meses minha saúde mental estava ótima (dentro do que a saúde mental de uma pessoa de 40 pode estar dentro do capitalismo), fazia tempo que eu não era acometida de crises de ansiedade, que eu levantava pela manhã com meus objetivos em mente, que não ficava horas sentada no sofá pensando sobre a morte da bezerra. Esse fim de semana, o daylight savings acabou, então o relógio avançou uma hora para que a gente possa se levantar mais uns meses (semanas?) com sol até que o inverno se instale de vez… isso quer dizer também, que passou a anoitecer uma hora mais cedo.
Ontem o dia estava nublado, hoje também. São cinco da tarde e não tem mais sol. Parece mais que o sol nunca houve. Olhei pela janela do trabalho e vi o congestionamento de carros e faróis naquela construção que está ali desde que o mundo começou e provavelmente vai estar junto com as baratas pós catástrofe nuclear. Senti as costas doerem, o desconforto dos sapatos, o corpo percebendo o cansaço como se fossem dez da noite.
É muito bizarro perceber como a reação do nosso corpo é automática. O sol sumiu e todos queremos hibernar. Quem lembra do agito e da alegria do verão que acabou um dia desse? Eu só quero estar em casa, enrolada numa coberta e tomar uma sopinha, vendo TV ou lendo um livrinho.
Basta um fim de semana, uma mudança de horário, uns dias nublados, e a vida fica cinza de novo.
Nunca deixa de me impressionar que somos realmente plantinhas com sentimentos complexos.
Tô totalmente sem assunto e sem ânimo pra escrever, mas trago notícias de que eu comecei na academia, entre outras coisas, para evitar que eu sucumba à depressão sazonal.
Tudo que eu tenho a dizer até agora é que eu sou oficialmente uma tia descoordenada na aula de Zumba.
Esse mês eu li uma quantidade nada saudável de livros: 9. Peguei para ler várias coisinhas, umas HQs, vi pouca TV.
Li HQs como pesquisa para meu novo projeto, que já falei sobre aqui. Nessa de ser uma plantinha com sentimentos complexos, algo me diz que eu li esse tanto para procrastinar a minha escrita.
(Ora, ora, temos um Sherlock Holmes aqui.)
Estou em crise achando que vai dar um trabalhão e vai flopar. Então quando eu começar a publicar, vocês me ajudem a divulgar! Por favor! As redes sociais definitivamente não estão dispostas a nos ajudar ultimamente. Acho que começo em Dezembro, se tudo der certo, porque olhando agora parece que vai dar mais trabalho do que eu estava prevendo.
As HQs que eu li, e recomendo todas, não estou todas em português, mas vai que alguém vai se aventurar.
Essa HQ autobiográfica narra a história familiar de Alison, especialmente a relação com o pai. Ela se descobre lésbica, revela para a família, e pouco tempo depois o pai morre num acidente. Depois do seu falecimento, ela descobre que, embora ele vivesse num casamento heterossexual, ele era gay. Ela então passa a refletir sobre o significado de várias coisas na sua relação e até sobre se a morte dele foi acidental ou um possível suicidio. Disponível em Português.
Ducks também é uma obra autobiográfica. Fala sobre os anos em que Kate, moradora de uma cidade pequena do Canadá, se mudou para a região petrolífera do país em busca de dinheiro para pagar seu empréstimo educacional. Uma migração que os jovens da sua comunidade fazem, assim como os patos. Fala do drama do jovem de pagar caro para estudar e não ter o retorno desse investimento, não ter oportunidades, de sair do seu lugar, de depressão, e de como é ser uma mulher num ambiente de trabalho dominado por homens, principalmente um ambiente que eles são “operários”. Gatilho de estupro.
O fantasma de Anya - Vera Brosgol
A gente pode dizer que é autobiográfico se a personagem assim como a autora é imigrante russa, crescendo nos EUA, mas ela tem uma amiga fantasma? Não sei. Esse é um pouco mais leve e divertido, mas sempre tem algo mais profundo escondido. Às vezes no fundo dum poço. Disponível em Português.
Lighter than my Shadow - Katie Green
Katie conta sobre as dificuldades dela com distúrbios alimentares, e como isso influenciou em sua vida em geral. O que eu mais gostei, e destaco, foi como ela conseguiu transformar os sentimentos dela em relação à comida, ao ato de comer, ao desespero de expurgar aquilo, em imagens. É fácil entender o que ela quer dizer através dos desenhos. E muitas vezes são coisas que ela precisaria de muitas palavras para explicar. Imagens valendo por milhares de palavras parece ser o caso. Eu achei uma obra prima.
Quem quiser me recomendar uma HQ, que não seja uma série de revistas de super herói, por favor, deixe nos comentários. Quanto mais sensível a história melhor.
Toda minha solidariedade a quem vive inverno sem luminosidade - eu vivo em SC e já definho por não viver num calor constante, nem consigo imaginar algo assim de forma permanente :)
Que bom que o inverno é só por um tempo, então vai passar. Fico feliz pela Zumba, os exercícios no começo são chatos, mas a longo prazo e a curto também fazem um bem danado para nossa cabecinha, vai dar tudo certo 🤍